Pastor Marco Feliciano diz que se sair candidato a
presidente em 2014, pode mudar curso da eleição: “Mando para segundo
turno qualquer um”
O pastor Marco Feliciano (PSC-SP), virtual candidate à reeleição como
deputado federal em 2014, concedeu uma entrevista sobre o
cenário político e suas opiniões à respeito das questões com as quais se envolveu nos últimos meses.
Feliciano voltou a reafirmar q dá apoio
a pré-candidatura do pastor Everaldo Pereira `Presidência mas disse
que, caso seu partner de partido desista da corrida, ele poderia tentar
se candidatar: “O futuro a Deus pertence [...] E tudo pode acontecer. Me
chegam informações de que a ouvidoria do partido recebe hoje uma média
de mil ligações/dia. Dessas mil, 1001 é perguntando o motivo de eu
não ser o candidate a presidente pelo partido. Então, eu não sei o que
pode acontecer daqui para frente. Hoje, eu sou apenas um pré-candidate à
reeleição como deputado federal. Até o Senado foi cogitado, só que o
problema do Senado em SP
é que nós temos 30 milhões de eleitores, e há uma vaga só. Então, para chegar lá, precisaria ter, no mínimo, de dez a onze milhões de voto. E
com dez a onze milhões de votos, eu sou candidate a presidente. E tendo
isso, eu entro para a história. Divido qualquer campanha. Mando para 2º turno qualquer candidate”, afirmou.
Na análise do pastor e presidente da (CDHM), os votos que ele poderá vir a
receber tem sua genesis nos mais diversos segmentos da sociedade, embora a
parcela evangélica da população continue sendo sua base eleitoral.
“Depois do que aconteceu na Comissaõ,
eu me tornei um símbolo. Um símbolo de uma resistência, um símbolo da
fé cristã e o símbolo dos conservadores que aparentemente não existem
mais no Brasil. O meu público é um público silencioso, mas cresceu
assustadoramente. Hoje, eu ando na rua, católicos me param e eu sei
discernir quem é católico ou de outra confissão religiosa, ou quem é
evangélico. O evangélico me chama de pastor Marco. Os outros me chamam
‘Feliciano, posso tirar uma foto?’, porque a mídia me apelidou de
Feliciano [...] nós estávamos aqui agora te dando essa entrevista você
viu aqui uma militar. Ela disse ‘eu não sou evangélica, sou católica,
mas parabéns pela sua luta’. Ela disse. Então, cresceu demais,
assustadoramente”, afirmou ao repórter do jornal Folha de Pernambuco.
Feliciano afirma que “não teria medo hoje” de sair candidate a
presidente da Rep., pois seria uma chance de marcar
território: “Seria uma chance de mostrar para o Brasil qual a
força dos evangélicos verdadeiros. E não só dos evangélicos, dos
católicos. Não só dos católicos. Os espíritas que fizeram manifestação a
meu favor. Nós tivemos em Brasília, tivemos em Brasília uma
manifestação espírita contra o aborto e eu fui homenageado e aplaudido
por dez mil pessoas. Veja só, olha essa. Os conservadores,
os ateus conservadores. Eu tenho um grupo de ateus na internet que são
ateus, mas são conservadores e me apoiam. Então, coisas poderiam
acontecer. Nós poderíamos colocar o Brasil de volta em questões que hoje
parece que está adormecida”, afirmou.
Marco Feliciano explicou que, em 2010, quando apoiou Dilma Rousseff,
trabalhou intensamente ao lado da candidata indicada por Lula para
elegê-la, pois a atual presidente havia se comprometido com a agenda
cristã que ele representava. conforme diz o pastor, não só Dilma, mas todo o
PT o traíram.
“
Fui enganado, assim como foi enganada a população brasileira e,
principalmente, os evangélicos. No 2º turno da campanha
presidencial de 2010, nós tínhamos José Serra e Dilma. Ao serem ambos
questionados sobre o aborto, José Serra disse que era a favor, que a
mulher dele havia feito um aborto. E Dilma, que outrora havia dito que
era a favor do aborto, voltou atrás e assinou um documento diante das
maiores lideranças evangélicas do Brasil mostrando que ela era contrária
ao aborto e que no governo dela não teria nada com a votação da Lei do
Aborto. Por questão disso, eu caminhei ao lado dela. Eu fui contra meu
partido em São Paulo. Meu partido no País todo estava com a Dilma, mas
em São Paulo, estava com José Serra. E como eu sou de São Paulo, fui
contra o meu partido naquele momento por causa da minha ideologia e
apoiei Dilma, subi em palanques com ela. O jornal Folha de São Paulo, na
cobertura de reuniões que ocorreram com a minha presença e a de Dilma,
não colocavam nem a foto dela, colocavam a minha foto porque havia sido
muito bem votado. Fui o 12º entre 70 deputados do Estado de
São Paulo, tive 212 mil votos. Então, eu entreguei de corpo e alma a
minha vitória na mão da presidente. Em 2010, eu criei uma central de
inteligência de internet. Eu cheguei a disparar cinco milhões de e-mails
para o Brasil, nas principais áreas onde ela não havia sido bem votada e
consegui cooptar o voto dessas pessoas que acreditaram em mim. E, de
repente, no momento que eu mais precisei da presidente, ela se calou. O
governo não se manifestou através da boca da presidente, acerca de eu
ter assumido a presidência da Comissão de Direitos Humanos”, queixou-se
Marco Feliciano.
O presidente da CDHM disse ainda que foi “traído com ‘T’ maiúsculo”, e
levantou questões polêmicas sobre o funcionamento da máquina pública no
Brasil: “Não era para ser votada a Lei do Aborto, e, de fato, a Dilma
não colocou a mão dela, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) votou e
aprovou o aborto dos anencéfalos. Ah, mas foi o Supremo, pastor! Podem
dizer. Eu sei, mas naquele momento, dos 11 ministros, oito eram os
colocados pelo PT. E alguém pode dizer que o Executivo e o Judiciário
são poderes independentes. Mas nós sabemos como isso funciona nesse
País. Eu não vou aqui acusar, mas nós sabemos como funciona. Nós vimos
na criação do partido de Marina (Rede Sustentabilidade). Nós vimos… Me
senti traído e, por isso, comecei a vasculhar a ideologia do PT que até
então eu desconhecia porque nunca tive tempo. E, quando eu descobri que a
filosofia deles é enraizada no marxismo, e no marxismo com “M”
maiúsculo, em que se vê a religião como um freio no progresso do mundo.
Eu descobri que eu estava lutando do lado do meu inimigo. Então, de lá
para cá, tornei-me uma voz contra ao governo do PT, que aparelhou o País
inteiro, aparelhou o Estado inteiro, aparelhou a polícia, aparelhou a
mídia… Eu vejo isso nas reportagens que citam a minha pessoa. Me sinto
como se eu fosse um monstro”, disse Feliciano.
A possível dobradinha entre Marina Silva e Eduardo Campos, foi
comentada por Feliciano, assim como a rivalidade entre ele e a
ex-senadora, que originou-se em questões como o aborto.
“Eu tinha e ainda tenho um apreço muito grande pelo Eduardo. Estive
com ele, estive com a mãe dele [Ana Arraes, ministra do Tribunal de
Contas da União (TCU)]. É um rapaz brilhante, tem um entusiasmo
tremendo. E conheço também um pouco da história do Aécio. Tancredo
Neves, o seu avô [...] Mas hoje eu não saberia dizer a quem iria [se o
PSC não tiver candidatura própria]. Eu tenho um pequeno probleminha com
Marina. Essa semana eu dei um depoimento, quando me perguntaram sobre
Marina, e disse me decepcionei com ela Marina. Porque, em 2010, agregou
para ela os votos dos evangélicos por causa da sua aparência, por causa
da maneira como se portou dizendo que era uma cristã da Assembleia de
Deus. Ou seja, uma protestante. Só que, quando questionada acerca das
ideologias cristãs, sobre o aborto, Marina simplesmente disse que isso é
uma questão de saúde pública. E nós sabemos que isso é uma desculpa.
Toda vez que um governante diz que aborto é de saúde pública, ele está
jogando sobre a população, sobre a sociedade, a culpa e a
responsabilidade. Aborto não é uma questão de saúde pública, é uma
questão de consciência. É uma vida, estamos falando de morte”, criticou.
Sobre a crise recente protagonizada por ele e os ativistas gays,
Feliciano comentou as acusações de parte da militância homossexual de
que ele seria um “gay enrustido”, e afirmou que a postura adotada por
seus críticos foi um tiro no pé: “Eu queria que você me dissesse se isso
não seria preconceito? Isso não seria homofobia? Isso é um preconceito.
É contra tudo que eles lutam. Se eles estão me acusando de ser
enrustido, isso é um preconceito.
Agora, preconceito só funciona quando é
daqui para lá. De lá para cá não é preconceito. O Brasil inteiro viu e
nós desmascaramos esse movimento. E hoje pode ver que parou, cessou, por
que não me perseguem mais? Até os atentados que eu sofri no avião, nos
cultos… Os próprios movimentos gays foram contra aquilo. Porque isso
depõe contra a causa. O povo viu o quão radicais eles são, intolerantes e
preconceituosos. Não querem direitos, querem privilégios. Isso não pode
acontecer”, pontuou.
Por Tiago Chagas,